Pular para o conteúdo principal
Tá na Midia • 31/03/2023

Paulo Alexandre Barbosa: "Quanto mais acordos comerciais, mais a economia cresce"

O deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (foto), do PSDB, preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ex-prefeito de Santos, no litoral paulista, ele tem como objetivo acelerar o trâmite de tratados internacionais no Congresso, que precisa ratificá-los para que tenham validade. 

 

“Um acordo que ainda não está na comissão e que certamente é o mais importante para o Brasil é o acordo do Mercosul com a União Europeia”, afirma.

 

Quais são as suas prioridades como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara?


Há dezenas de acordos comerciais com países estratégicos paralisados na comissão. Já aprovamos o primeiro deles, que vai permitir um maior número de voos internos de companhias aéreas brasileiras em Portugal e vice-versa. Um acordo que ainda não está na comissão e que certamente é o mais importante para o Brasil é o acordo do Mercosul com a União Europeia. Nós vamos, inclusive, ter uma agenda com parlamentares europeus, programada para abril, para agilizar esse acordo. A União Europeia fez alguns questionamentos em relação a coisas que estavam praticamente viabilizadas, ações em relação à questão de sustentabilidade, ambientais. O governo recebeu, no início de março, esses questionamentos, que vão ser objeto de resposta para que a gente possa avançar. Quanto mais acordos comerciais, quanto mais ampliar o mercado, mais a economia cresce e geramos emprego e renda.

 

Qual é o papel do Legislativo na política externa?


É evidente que o Executivo tem as suas prerrogativas, mas não podemos esquecer que os acordos também precisam ser validados pelos parlamentos dos países na maioria dos casos. Na União Europeia, por exemplo, o Parlamento Europeu — e, em alguns casos, os legislativos nacionais — precisa ratificar. Ele precisa apreciar esse acordo. E a Comissão de Relações Exteriores da Câmara tem o papel de estabelecer diálogo com esse parlamento para auxiliar na aprovação dele. 

 

Como o senhor analisa o posicionamento do Brasil na guerra na Ucrânia? O governo erra ao não fornecer armas aos ucranianos?


Eu acho que foi uma visão acertada não fornecer munições para Alemanha, que as repassaria para a Ucrânia, porque isso evidentemente poderia potencializar os conflitos. O Brasil precisa ter uma estratégia cuidadosa considerando o impacto da guerra nas cadeias produtivas e estimulando o diálogo para a paz.

 

O senhor foi prefeito de Santos por dois mandatos entre 2013 e 2020 e não é a favor da privatização total do Porto de Santos, mas apenas de uma integração do setor privado na gestão do Porto. Como deve se dar essa integração?


O porto de Santos já é privatizado. Os terminais que operam o porto já são todos privatizados. Então, já existe essa participação do setor privado, e eu defendo que ela seja ampliada para os serviços, como a dragagem do porto. O setor privado tem mais condições de realizar os investimentos e de mantê-los, mas eu acho que a autoridade portuária deve ser de responsabilidade pública.

 

Qual modelo de gestão o sr. defende?


Eu defendo um que seja diferente do que temos hoje. Ter o governo federal como gestor exclusivo do porto é um equívoco, na minha opinião. As estradas que dão acesso ao porto são gerenciadas pelo estado. Além disso, o porto está em três cidades, Santos, Guarujá e Cubatão. Então, não tem sentido o estado e os municípios ficarem alijados da gestão do porto. Eu defendo o modelo de gestão compartilhada tripartite, com a participação da União, do estado e dos municípios.

 

O que explica a decadência do PSDB nas últimas eleições?


Acho que são ciclos da política, vejo que nós temos um sistema político partidário que é ultrapassado. Não temos condições de ter 40 partidos políticos, nós não temos 40 ideologias, 40 formas de pensar o país. Nós temos que ter um enxugamento. Parte desse processo se deu na eleição, quando alguns partidos deixaram de existir, por não superar a cláusula de barreira, e outros diminuíram de tamanho. E, agora, as próprias composições partidárias vão acabar fazendo um novo filtro. Na minha opinião, não deveríamos ter mais do que cinco partidos políticos.

 

Qual é a sua perspectiva e objetivos como estreante na Câmara dos Deputados?


Eu sou um municipalista. Por natureza, eu defendo os municípios. O Brasil tem mais 5.500 municípios e eu defendo uma revisão do pacto federativo. Eu quero concluir os quatro anos com a aprovação de medidas que deem aos municípios mais autonomia e mais agilidade e tenham mais condições de atender o cidadão hoje. Eu espero ter, ao final dos 4 anos, um país que seja mais Brasil e menos Brasília.